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Clubes e organizações esportivas apostam em diversidade, equidade e inclusão para promover mudanças sociais

O esporte é mais um dos diversos setores da nossa sociedade em que se verificam violências de gênero, incluindo casos de assédio sexual, microagressões, piadas e comentários machistas e misóginos e discriminação.

Um dos casos mais recentes no esporte – mais especificamente no futebol – refere-se aos mais de 15 casos de assédio sexual que, de acordo com várias jogadoras, foram praticados pelo técnico Kleiton Lima. Uma série de protestos das jogadoras do Santos no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino se deu na semana passada, culminando na demissão do técnico.

Diante de números tão alarmantes, os clubes de futebol são cada vez mais convocados a refletir sobre os ambientes organizacionais, para que possam ter estrutura adequada para lidar com violências e discriminação que afetam mulheres, mas também pessoas de outros grupos minorizados.

Recentemente, o Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) se reuniu com os representantes da Federação Paranaense de Futebol (FPF) e os times do estado para discutir sobre iniciativas de combate à violência contra a mulher. O objetivo do MPT é estimular o segmento esportivo a investir em iniciativas direcionadas ao problema.

Desde 2023, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contratou a Travessia Inclusão, consultoria especializada para criar e implementar o Programa Antidiscriminação e AntiAssédio da CBF. Uma das primeiras medidas da Travessia foi realizar um diagnóstico do ambiente corporativo para observar o ambiente da Confederação, e propor ações, medidas e projetos adequados e customizados para garantir que o ambiente de trabalho seja mais justo, inclusivo e seguro para todos.

Conscientização – O Programa Antidiscriminação da CBF inclui diversas etapas, entre eles o diagnóstico quantitativo e qualitativo, treinamentos e letramentos, bem como a elaboração de políticas e mecanismos de prevenção e enfrentamento à discriminação, inclusive ao assédio moral e sexual. A iniciativa foi recentemente ampliada para contemplar as seleções brasileiras, femininas e masculinas.

“Os casos de violência contra a mulher não são uma exclusividade da indústria esportiva, mas ocorrem em toda a sociedade. Não é simples ou rápido solucioná-los. Devemos adotar uma série de medidas que incluem desde a capacitação e a prevenção do problema até a implementação de canais de denúncia. Se os clubes e instituições não abordarem as raízes da questão, não será impossível conquistar uma mudança efetiva. Só teremos ações pontuais e passageiras, que não resolvem os problemas que estão atrelados a um sistema patriarcal com profundas desigualdades para mulheres”, destaca Mariana Deperon, sócia e fundadora da Travessia Inclusão e responsável pelo projeto da CBF.

Advogada, mestre em Relações Sociais pela PUC-SP e capacitada em Estudos sobre Mulheres e Gêneros pela Universidade de Massachusetts (Dartmouth), Mariana tem mais de 15 anos de experiência no mercado corporativo, atuou em departamentos jurídicos de empresas nacionais e multinacionais, como Itaú Unibanco e Nike, em diversos projetos relacionados à diversidade e ao esporte. Certificada pela ONU Mulheres de Genebra, é responsável pelos projetos e programas de ESG, diversidade e inclusão, gênero e sexualidade e da área de esportes da Travessia.

Recomendações – Para assegurar espaços inclusivos onde todos os grupos tenham seus direitos respeitados, a especialista ressalta que os clubes e entidades esportivas devam realizar uma avaliação ou diagnóstico quantitativo e qualitativo sobre o ambiente inclusivo da organização, além de criar uma estratégia de diversidade, equidade e inclusão (DE&I) com ações, projetos e iniciativas e metas a curto, médio e longo prazo.

A especialista também recomenda a criação de um Comitê DE&I responsável por ações, projetos e monitoramento desses temas na organização, a implementação de um programa de enfrentamento à discriminação com código de conduta e ética treinamentos obrigatórios e frequentes, uma política de consequências e outra com foco na antidiscriminação, além de um canal de ética e ouvidoria, entre outras medidas.

Ela destaca ainda a importância de investir em educação com treinamentos e letramento para todos, incluindo atletas, técnicos, líderes e dirigentes, colaboradores, patrocinadores etc, estimular o desenvolvimento de lideranças plurais na organização, inclusive de pessoas pertencentes a grupos minorizados, realizar avaliações regulares das instalações e programas para identificar quaisquer potenciais barreiras à acessibilidade e estabelecer metas, indicadores, ações, projetos, programas com divulgação para todo o mercado, incluindo stakeholders.

Em seu escritório, o número de palestras, projetos e outras solicitações de trabalho para o segmento esportivo não para de crescer – um sinal de que a conscientização sobre os danos causados pelo assédio dentro dos clubes podem até tardar, mas não devem falhar.

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Assessoria de Imprensa – Pauta Social
Adriana Souza (11) 9826423-64
adriana@agenciapautasocial.com.br

Gabriel Alves

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás.

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